sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Win the World


 



    Senti uma enorme emoção hoje, como senti aos 16 anos embarcando rumo ao desconhecido em meu primeiro intercâmbio ao exterior.

Daniele Lima de Cabrobó, município do sertão de Pernambuco, e Elves Henrique de Jaboatão dos Guararapes na região metropolitana do Recife, os dois também com 16 anos, estão experimentando uma emoção ainda maior,  já que também é a primeira vez que viajam de avião.

Daniele e Elves estão entre os 38 jovens alunos da rede estadual de ensino que seguem neste vôo para São Paulo para que de lá ganhem o mundo, mais precisamente o Canadá.

Eles viajam uniformizados, com uma mochila legal, um modelo de tablet/netbook com skype instalado para se comunicarem com a saudosa família e um cartão Visa onde poderão sacar sua mesada de R$600 mensais convertidos na moeda local. 

Ao todo serão 1.000 alunos contemplados com esta incrível experiência que é morar fora numa casa de família ou "host family" e frequentar também outra escola pública onde não só aprenderão a língua local como outras disciplinas exigidas pelo MEC para equivalência na volta ao Brasil.  Os alunos irão para o Canadá, EUA, Nova Zelândia, Espanha, Chile e Argentina

Serão 6 meses estudando no exterior o que certamente mudará de formas diferentes a vida de cada um deles.

Ver o nosso dinheiro empregado desta forma, ao todo foi gasto R$50 milhões com o programa, me deixa muito feliz. Mais ainda que se fosse construido uma ponte ou viaduto no nosso estado. Apenas quem teve a oportunidade, como eu tive, de morar no exterior, sabe que não há coisa melhor a se fazer por esses 1.000 jovens que mudarão suas vidas e que isso também afetará positivamente as nossas.

Boa sorte a todos eles!


Até breve!
 
  

terça-feira, 13 de março de 2012

Um ano após o grande desastre



Kawabe-san, ou apenas Otosan (pai) mostrando as áreas afetadas pelo tsunami dois meses depois, quando estive lá. Ele que nos deixou preocupados por 10 horas sem notícias há um ano atrás em Sendai, capital da região atingida.


   Estava em Munique no dia 11 de março de 2011 pronto para me despedir dos amigos Antônio Henrique e Ian Mac Dowell e seguir para uma curta viagem nos arredores do Lago de Constância com minha prima Cecília e sua família.

Subi ao quarto para fechar a mala quando acompanhei estarrecido o tsunami destruindo a região próxima de Sendai no Japão.  Um terremoto em alto mar de escala 10 estava causando todo aquele estrago.

Imediatamente liguei para meus pais japoneses, e os telefones estavam mudos.  Sabia que o tsunami nunca chegaria à sua casa pois fica longe do mar e num ponto alto da cidade.  Mas e o terremoto?  9 graus na Escala Richter que foi a intensidade do tremor em Sendai, seria o maior terremoto que já tive notícia.  Quando morei lá, em um ano, senti alguns tremores, mas nada que ultrapassasse os 4 graus.

Após tentar falar com Yutaka (que mora em Yokohama no sul do país) também sem sucesso, finalmente consegui falar com Hiraku (o irmão mais velho) que me tranquilizou em relação a Okasan (nossa mãe) que estaria em Tokyo e Yutaka que estava preso no trabalho e teria que dormir por lá essa noite pois todos os trens do país estavam parados.

A preocupação recaía apenas em Otosan (pai) que na hora do tremor estava no trabalho em Sendai e não tínhamos notícias dele.  

Longas 10 horas se passaram sem notícias até que ele finalmente conseguiu mandar um email tranquilizando todos que estava bem.   Muito difílcil para mim pois estando tão longe na Alemanha, nada podia fazer. 

O Japão estava no meu roteiro de volta ao mundo dois meses à frente.  Sendai seria minha base pois lá vivi e aprendi a amar esta família que me recebeu como filho há 19 anos atrás.

Preocupado com os acontecimentos, mas alividado com a integridade de todos, segui minha viagem: Alemanha, Áustria, Hong Kong, Tailândia, Myammar, Laos, Singapura.  Todos amigos e familiares então tentam me convencer a não ir ao Japão por conta do risco nuclear de Fukushima.  Realmente a coisa ficou preocupante por lá e inclusive ofereci abrigo em Hong Kong para a família que estava no Japão e eles recusaram. 

Difícil ver pânico entre os japoneses.  Além disso, eles vêem os eventos da natureza com naturalidade e resiliência. Talvez pela adoração que tem por ela através do Xintoísmo, sua principal religião além do budismo.

Pessoal, desde junho do ano passado não postava no Flanador.  A volta ao mundo terminou, já fiz outras viagens mundo afora e pretendo dar continuidade ao blog.  Ainda tenho muita história pra contar desta maravilhosa volta ao mundo e começarei pelo Japão, este país maravilhoso por sua gente e cultura!

No próximo post veremos os estragos do terremoto e tsunami e os esforços para a reconstrução.


Até breve!



Cozinha da casa dos Kawabe após o terremoto de 11/03/11 (foto: Kawabe Yasushi)